Tive a grande honra de ter sido convidado para o XXXIV Encontro Nacional de Mestres Alfaiates no Domingo, 25 de Maio de 2025, na Póvoa de Lanhoso. Neste artigo apresento os mestres alfaiates de Portugal, velha guarda e nova geração, e reporto sobre o dia.
O que é o encontro nacional de mestres alfaiates?
Este encontro reune os mestres alfaiates Portuguêses todos os anos, a fim de celebrar a arte e juntar todos. Discutem-se as novas tendências, as notícias correntes, fazem-se amizades e novos contactos.
Recepção oficial na Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso
O dia começou às 09:00 com uma recepção calorosa pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal da Póvoa de Lanhoso na câmara municipal. Todos os alfaiates e as suas famílias estavam vestidos com o maior rigor.
Em seguida, durante a pausa para café, cumprimentei o meu caro amigo Sr. Néu da Alfaiataria Moderna de Ponte da Barca, um dos fundadores deste encontro, que foi quem me estendeu o convite.
Primeiros encontros e mestres presentes
Logo depois, fui apresentado a vários alfaiates durante o lanche que se seguiu, tais como
- Sr. Fernando Saraiva Andrade de Dornelas na Guarda
- Sr. António Pinto de Penalva do Castelo
- Sr. António Luís de Mangualde
- Sr. Eduardo Saraiva Fernandes de Vila Cova à Coelheira em Viseu
- Sr. Carlos Ferreira e seu pai, da AC Alfaiates em Viseu
- Sr. Fernando Metelo de Lisboa
- Sr. Manuel Brito que trabalha em Almada.
Antes de sairmos da Câmara, recebemos um kit com vários panfletos e um íman da Póvoa de Lanhoso.
Visita ao Museu do Ouro em Travassos
Nessa manhã estava a haver uma procissão até ao Castelo de Lanhoso, por isso o autocarro teve de esperar um bocado até seguir para o Museu do Ouro em Travassos.
Mais contactos
Durante a viagem conheci o Sr. Gil “Raro” Pinho, um alfaiate da minha geração que trabalha com o Sr. Ayres Gonçalves no Porto. É um “historiador” da alfaiataria Portuguesa, tendo uma enorme colecção de livros de corte e por isso um conhecimento íntegro do método de corte das peças. Vou aprender imenso com ele.
Às 10:30 começou a visita ao museu, onde aprendi como se faz as peças de joalharia em filigrana (o que foi surpreendentemente interessante).
Posteriormente, conversei com o Sr. João Pereira, dono dum armazém de tecidos e fazendas na Batalha no Porto. Aprendi muito sobre a história da alfaiataria portuense: sabiam que existe uma capela dos alfaiates na rua de Santa Catarina?
Além disso, conheci também o Sr. Vítor Gonçalves, escritor do 1º blog de fatos em Portugal, o “Blog dos Alfaiates”. Também tive uma curta conversa com o Sr. João Borges da Soares Costura em Felgueiras. Fiquei a conhecer também a Srª. Dª. Carla Godinho da Lanifícios Godinho, da Guarda, através da sua filha.
Missa no mosteiro de Porto d’Ave
De volta ao autocarro, fomos transportados para o mosteiro de Porto d’Ave para a missa.
Os santos padroeiros da alfaiataria
Durante a missa, o Sr. Diácono falou sobre os santos padroeiros da alfaiataria: S. Geraldo e o Santo Homobono de Cremona. Além disso, homenageou os alfaiates do passado que já não puderam estar com os seus amigos neste encontro.
Tendo acabado, conheci o Sr. Américo Amorim, um alfaiate de Ponte de Lima que já não está no activo no momento mas que me convidou para passar pela sua oficina um dia destes.
Almoço e networking com a nova geração
Durante o almoço conheci a Srª. Dª. Marta Dias Sargento, alfaiate da Vida Sargento Bespoke, em Leiria, que estudou na Escola Superior de Alfaiataria em Madrid. Só precisou de um olhar para perceber que o meu fato era pronto-a-vestir. Explicou-me que um fato feito à medida artesanalmente costuma ter casas dos botões cozidas à mão e a lapela tem curva de uma forma diferente, quase como se fosse uma asa.
Fiquei muito contente por falar com a Jéssica, a Verónica, o Fábio e a Anabela da VOIL Gallery, outra alfaiataria artesanal, ou bespoke, em Leiria. Começaram em 2022 com um estilo mais Inglês e tiveram a ajuda do Sr. Jorge Cardoso para começar a modelar os fatos. O Sr. Cardoso morreu subitamente umas semanas depois do encontro, o que é uma pena. Gostei muito de os conhecer porque, tal como o Sr. Gil Pinho, são dos alfaiates mais jovens do encontro.
O Sr. Augusto Saldanha, do Porto, também estava presente. Tivemos uma conversa engraçada porque ele conhece muita gente da minha família, o que lhe fez auto-proclamar-se “o alfaiate da Foz”. É excelente porque é alguém muito acessível para quem vive no Porto como eu e vou poder falar com ele em breve.
Finalmente conheci o Sr. António de Oliveira da Alfaiataria Oliveira, em Águeda.
Prémios e fotografias do encontro nacional de mestres alfaiates
No fim do dia, houve uma entrega de diplomas e um sorteio de tecidos. O fotógrafo, João Araújo, imprimiu fotos que tirou no próprio dia e deu-as a cada um dos participantes, o que foi magnífico.
Conclusão: um dia memorável para a alfaiataria portuguesa
Em conclusão, fiquei surpreendido com o profissionalismo e a qualidade do dia. Pensei que seria um simples almoço mas acabou por se tornar em muito mais. Consegui fazer imensos contactos com alfaiates Portugueses para poder mostrar ao mundo a arte que temos no nosso país, o que é valiosíssimo para mim. Estou entusiasmado para a 35ª edição!
Podem encontrar mais artigos sobre o dia aqui e aqui.